Como qualquer um bem informado sabe, a invasão do Iraque pelos EUA e aliados se deu unicamente pela questão econômica do petróleo. Não só para se apoderarem do 2º maior produtor mundial mas também, e principalmente, para evitarem que Saddam Hussein retirasse o lastro do dólar americano, ou seja, passasse a cotar o barril em Euros, acabando com o "petrodólar" e condenando a moeda americano ao seu verdadeiro valor, ou seja, nenhum!
Pois bem...uma vez invadido o Iraque, Bush passou a conviver com o mesmo problema enfrentado pelos presidentes norte-americanos na Guerra do Vietnam: o apoio da população à guerra é inversamente proporcional ao número de "bodybags" (sacos com corpos), ou seja, quanto mais soldados americanos mortos, menor o apoio. Mesmo que a grande massa de soldados seja composta por latinos, negros e imigrantes ilegais (até brasileiros), o povo americano costuma não gostar de ver corpos voltando de guerras.
Sabedor de que a invasão do Iraque não teria curta duração, Bush resolveu então usar uma nova estratégia, que pode custar muito mais caro do que já custa aos EUA: contratar mercenários. Como as baixas entre soldados de aluguel não são contabilizadas pelo Exército dos EUA, esses podem morrer à vontade...e matar à vontade.
Desde 2004 algumas notícias já davam conta da presença de milhares de mercenários contratados por empresas "aliadas" operando no processo de "reconstrução" do Iraque, conforme o Jornal The Independent. Naquele ano eram reportados integrantes das SAS (tropas de elite britânicas), mercenários sul-africanos e até chilenos oriundos do regime de Pinochet.

Presente até na Wikipédia, a Blackwater é hoje considerada como o maior exército de aluguel do mundo, treinando cerca de 40.000 pessoas por ano, incluindo militares e integrantes de agências americanas. Fundada por um ex-fuzileiro americano, Erik Prince, esteve presente inclusive em New Orleans, patrulhando as ruas, fortemente armados, logo após a passagem do furacão Katrina em 2005.
No Iraque, em 2004, o interventor nomeado pelos EUA, Paul Bremer, expediu uma ordem que isentava os mercenários operando no país de obedecerem a Lei, dando-lhes uma autêntica "licença para matar", como informa, novamente, o jornal britânico The Independent. Com isso, os integrantes da Blackwater se notabilizaram em assassinatos e todo tipo de violações que os tornaram odiados pelos iraquianos e temidos pelos militares regulares. Em 2007, foram responsabilizados pelo massacre que deixou 20 iraquianos mortos e dezenas de feridos. As ações da Blackwater seguem impunes e com a conivência do governo norte-americano.
Nos EUA pouco se informa sobre essa privatização da guerra. Uma exceção foi a primeira temporada do seriado de TV "Jericho" da CBS, exibido no canal AXN no Brasil, que retrata as ações de tais grupos mercenários em um fictício cenário de guerra civil nuclear nos EUA. Também o candidato à indicação democrata às eleições americanas - Senador Barak Obama - faz referência a tais exércitos privados em seu site, ressaltando a falta de controle das instituições e do povo americano sobre as ações e forma de emprego dos mercenários. O ataque de Obama contra essas milícias o coloca inclusive em risco de atentados, haja vista a "tradição" norte-americana de ter seus Presidentes e candidatos à presidência assassinados ou feridos.
Tudo isso vem sendo feito com o aval e o interesse direto da administração Bush em contratar, equipar e dar suporte a tais tropas de "Soldados da Fortuna". Em um discurso à Nação, Bush declarou:
"Tonight, I ask the Congress to authorize an increase in the size of our active Army and Marine Corps by 92,000 in the next five years. A second task we can take on together is to design and establish a volunteer civilian reserve corps. Such a corps would function much like our military reserve. It would ease the burden on the Armed Forces by allowing us to hire civilians with critical skills to serve on missions abroad when America needs them."
É conhecida a ligação de Bush com a indústria armamentista dos EUA, sua grande financiadora política, e de seu pai, há décadas. Porém, investir diretamente em exércitos privados é um atentado a uma das principais instituições americanas, uma das mais respeitadas e queridas pela população, as Forças Armadas regulares. Dificilmente o povo norte-americano irá cultuar como heróis tais mercenários, por mais que a propaganda da mídia tente fazê-lo, o que não está fazendo.
Assim sendo, esta invasão do Iraque pode estar criando um monstro com o qual todos nós teremos que lidar em um futuro próximo: as Guerras de Corporações. Não serão mais países e populações em conflito e sim grandes empresas e conglomerados econômicos a lutarem por poder ou seu "espaço vital" (Lebensraum, como diria Adolf Hitler). O efetivo militar de uma empresa

A História não se faz só do passado. O presente cria a História que irá ser contada às gerações futuras. A atual apatia mundial sobre graves problemas que estão surgindo diariamente, e que podem ter seríssimas implicações futuras, só incentiva os detentores de Poder a agirem impunemente. A humanidade já vivenciou tais experiências diversas vezes mas parece não ter aprendido a lição. Iremos legar aos nossos descendentes os horrores gerados pela nossa falta de consciência?
Quando não houver mais o que fazer não adiantará rezar para que "Deus nos ajude"!